ANDO COM SAUDADE DE CASA

Aos 40, depois do burnout, separação, pandemia, fim de ciclos profissionais e com uma filha independente, me vi sem esperança.
Uma vida sem esperança é uma vida triste.
Há quem diga que é depressão, ansiedade… Não sei

Sei que sinto saudade de casa.

O peito aperta ao ouvir as músicas da adolescência na Bahia ou lembrando do vento forte carregado de maresia do jeito que só tem lá.
Às vezes me pego percorrendo, pelo street view, o caminho que fazia para escola.

A saudade aperta e eu quero voltar…

Mas sei que esse lugar já não existe,
porque já não sou a menina que viveu lá.
A saudade de casa, na verdade, é saudade de mim.
O que se perdeu para que eu não me reconheça mais?
O que fui podando pra caber, mas quero fazer rebrotar?

Voltar pra casa não é voltar pra Bahia,
é voltar pra mim mesma.
Meu lar está onde corpo e alma se encontram…
Onde há a certeza de que seja onde for, seja com quem for, meu lar sou eu.

Ao entender isso, escutei um chamado.
Uma cidade onde me sinto potente, sussurrou no meu ouvido:

“E se você pensar um pouco em si?
Ousar experimentar algo novo?
Não pelo amor da sua vida, para ser mãe, para melhorar no trabalho, nem para ser boa filha ou irmã?
Mas para resgatar o que é preciso para que se sinta em casa?
Vem pra cá! Vem por você!”

Mas eu questionei.
Ao duvidar, perguntei: Como seria possível?
E, fui lembrada que a autonomia só se constrói através da colaboração,
assim como sentir-se bem consigo mesma não significa solidão e isolamento.
Vivemos em comunidade!

Essa possibilidade acendeu algo em mim: a esperança!

E assim, como Shonda fez por um ano inteiro, eu disse: Sim!
Porque já não dá mais pra viver sem a parte da menina que se permitia sonhar.

Porém, essa mesma menina que um dia acreditou que felicidade só é experimentada alcançando o barco de alguém, hoje quer experimentar “levantar voo” em seu próprio barquinho.

E ele vai voar!
Sampa, me aguarde que eu tô chegando pra ficar!